Na Calçada



Acabei de chegar em casa. São 22 horas e 26 minutos. Encontrei esparramado pelo chão de minha calçada um senhor que não sei do nome, o batizei pelo pseudônimo de Zé Qualquer. Aparentemente ele tem entre 50 a 60 anos. Com alto teor de álcool, Qualquer não sabia em que lugar se encontrava.

Uma cena que nos deparamos cotidianamente nas calçadas, que se tornou tão comum a ponto de não tocar nossa sensibilidade. Vendo ele deitado na esquina da Rua Pedro Alves com a Rua Padre Leopoldo Rolim, com um temporal de chuva se aproximando fiquei sem saber como reagir. Contemplei o Cristo em minha porta com frio e sem ter para onde ir. Senti vontade de ajuda-lo, mas fiquei com medo de sua reação.

Abri o portão, entrei no apartamento e fui até a despensa. Pequei um colchonete e um lençol, com um friozinho na barriga desci as escadas e me aproximei dele, fiquei chamando até ele acordar. Perguntei onde ele morava, respondeu-me que morava ali mesmo. Perguntei novamente e ele disse que morava na Vila São João.

Pedi que o Zé levantasse e fosse se deitar no colchonete no prédio que estava em construção no outro lado da rua. Olhando para ele fiquei pensando:

 Como ele, quantos estão caídos nessa estrada nessa hora?

Zé que tem nome e sobrenome, que trabalha no pesado para dar o sustento a sua família, que se casou, teve filhos e constituiu um lar. Zé Qualquer, trabalhador, honesto, homem de bem, entregou-se nos braços da bebida perdendo o controle de seus atos, deixando-se ser totalmente dominado.

Existe muitos “Zé” espalhado pelo Brasil, vivendo essa situação de opressão.

Messias Pinheiro

Por onde anda...

Por onde anda a lua,  Que não veio me visitar?  Por onde anda o sol,  Que não bateu em minha porta?  Por onde anda as águas do mar,  Que não me banharam?  Por onde anda as abelhas,  Que não trouxeram meu mel?  Por onde anda os ventos,  Que não tocaram minha pele?  Por onde anda você,  Que me deixas a tua espera?  Messias Pinheiro

 Por onde anda a lua,
Que não veio me visitar?

Por onde anda o sol,
Que não bateu em minha porta?

Por onde anda as águas do mar,
Que não me banharam?

Por onde anda as abelhas,
Que não trouxeram meu mel?

Por onde anda os ventos,
Que não tocaram minha pele?

Por onde anda você,
Que me deixas a tua espera?

Messias Pinheiro



Hoje

Eu queria me sentar na calçada e está rodeado de amigos. Conversar sobre a vida e sobre os sonhos. Olhar para trás e relembrar as brincadeiras da infância.
- Cai no poço.
- Quem lhe tira?
- Meu amor.
- Com o que?
- Com um beijo e um aperto de mão.
Eram tantas brincadeiras. Passar o anel, esconde-esconde, policia-ladrão, morto-vivo, chutar o tubo, enfim muita alegria. 

Relembrar das canticas de roda e de cada sorriso, de cada abraço apertado, dos docinhos nas festas de aniversário e das noites na sorveteria. Relembrar do nosso jeito de ser criança.

Olhar para o presente e contemplar todas as conquistas: Ter um lar e uma família; cursar uma faculdade e poder trabalhar; amar e ser amado; principalmente saber que estamos todos com saúde, enquanto muitos encontram-se hospitalizados.

Queria poder dialogar com os amigos sobre os nossos sonhos. Sobre o caminho que ainda temos que percorrer, e sobre os mistérios que temos pra desvendar. Dialogar sobre a esperança de uma nação soberana, fraterna, solidaria e livre, onde em todas as casas as pessoas tenham o que comer, tenham o direito de viverem felizes e não apenas desejarem a felicidade. Onde os homens e mulheres se encontrem  na missão de cuidar da vida e do planeta, não apenas de reproduzirem a especie. Onde a humanidade seja livre. Livre dos instintos egoístas, dos espíritos que oprimem, massacram, humilham e excluem. Livre de tudo que acorrentam a alma e o corpo. 

Queria poder olhar nos olhos dos outros e acreditar que nunca estamos sozinhos. Dizem que sempre tem alguém ao nosso lado. Quero acreditar que isso é verdade, preciso seguir em frente, tenho que partir.

Viver, é sempre está preparado para a partida. É  nunca deixar de ser caminhante. É levantar-se, seguir, buscar, não parar. É recomeçar a cada segundo.
Messias Pinheiro

SOMOS A SOCIEDADE QUE NUNCA TEM TEMPO.

O que será o tempo? Qual a diferença do meu tempo para o tempo do meu vizinho? Porque vivemos em uma busca incessante para encontrarmos um pouquinho de tempo? Essas são perguntas norteadas para uma reflexão sobre como administramos o nosso tempo.

O “tempo” é um termo que o homem determinou para organizar a historia em presente, passado e futuro, Tendo como marco dessa transição, o nascer e o por do sol. A partir dai surgiu o dia (24 horas ), mês ( 30 ou 31 dias ), ano ( 365 dias ou 12 meses ). Essa organização veio facilitar a vida das pessoas no gerenciamento de seus compromissos, tanto no mundo do trabalho como na família ou em suas particularidades, sendo que o objetivo principal dessa organização é a vida em sociedade.

Todas as pessoas, oriundas de todas as classes sociais, raças, cores, crenças, naturalidades tem o mesmo tempo para cumprir suas tarefas diariamente. Porém, uma pequena parcela da população sabe como governar o seu tempo, distribuindo de acordo com os seus compromissos e suas prioridades e a outra parte vive em grande conflito.

São muitos os reflexos da má administração do tempo, entre eles podemos citar: o indiferentismo nas relações interpessoais, a cultura do atraso no horário de iniciar as reuniões, eventos, etc. A falta de percebermos a outra pessoa que passa em nosso caminho, enfim, a desvalorização da pessoa humana e suas necessidades sócias afetivas.

Então: pare, pense e planeje sua vida, seus compromissos, seus projetos, seus sonhos na perspectiva de uma melhor qualidade de vida. Respeitando o espaço do outro e construindo seu próprio espaço, dando o real valor ao “tempo”, deixando cada coisa no seu devido momento, saboreando cada experiência, pois as oportunidades são únicas e nosso tempo não volta atrás.

Messias Pinheiro