Por quê falam em meu nome?

Estava acontecendo o primeiro Encontro Nacional de Juventudes da RECID, em Luziania-Brasilia, era trinta de janeiro de dois mil e treze, cerca de cento e vinte jovens dos diversos estados do país faziam-se presentes no auditório do Centro de Formação Vicente Canhas.
Naquela manhã, constava na programação um momento de boas vindas e contribuições discursivas por parte da militância. Houve duas mesas, uma com representantes do Governo Federal, e a outra das organizações da sociedade civil.

A primeira com a presença de Silvino Heck (Dept. de Educação Popular, SNAS-SG-PR), Diogo Santana (Secretario-executivo da secretaria geral da presidência da república), Paulo Maldo (Secretário Nacional de Articulação Social), Pedro Pontual (Diretor do departamento de participação social), Salete Moreira (Secretaria de direitos humanos), Severine Macedo (Secretária Nacional de Juventude), onde eles expuseram as ações governamentais por parte da União em relação às políticas para a juventude.  Eles relembraram suas histórias de luta em defesa e construção de um Brasil democrático, e a época de fazer movimento estudantil, pastoral e social.

A segunda mesa foi composta por Jonatan Roré (UNE), Wellington Neto (PJMP), Abuzinho (Levante), Geo (CTO), Luti (Companhia revolucionária triangulo rosa), João (MST), para falarem em nome das juventudes brasileira, cada um relatou os sonhos e os desejos de um poder popular.

De repente surgiu do meio do publico um jovem que gritou.

- Meu nome é Pedro.

- Não me convidaram pra ocupar um assento nessa mesa. Tenho dezessete anos, e eu também quero falar. Sou conectado nas coisas, tenho facebook, gosto de balada, namorar, passear e fazer novas amizades. Ainda não estou trabalhando, todos os dias vou para a escola, digamos que estou estudando. Tenho um transporte, uma moto YBR – 125 cor preta e sem placa. Infelizmente ainda não tenho carteira, mas quero tirá-la. 
  
- Por que me perguntas como comprei essa moto?

- O que você acha?

- Meu pai fez um empréstimo. Um desses que o Governo Federal libera pra classe c. Sou esperto, se não fosse assim, ficaria apenas na vontade e não teria nada.

- Não olhes para mim dessa forma.

- Sou apenas mais um que vocês ficam brincando de falar em meu nome. Vocês dizem que querem transformar o mundo e mudar o sistema. Querem um país soberano, e no governo um poder popular. Mas na verdade todos querem apenas mudar de lugar. Quem ocupa vaga no governo, ontem era movimento social, quem está no movimento social quer está amanhã no governo. Por que vocês ficam se perguntando de qual lado estão? Digam-me na verdade o que vocês querem construir?

- Estão vendo esse homem aqui de terno e gravata?

- Estão vendo como estou vestido? Na natureza somos todos iguais. Ninguém é superior ou inferior. Temos o mesmo dom, Vida.

- Gostaria de pedir que não falem em meu nome. Sou Maria. Sou Luíza.  Sou Antonio. Sou Lucas. Sou aqueles que todos falam por mim.  Envolva-me e me mostrem o porquê devo entrar na roda com vocês.

A verdadeira revolução acontecerá quando assumirmos os rumos de nossas histórias. Quando formos sujeitos de nossos destinos. Quando percebemos que o importante não é o lugar que ocupamos, mas a essência de nossos ideais, de nossas lutas, sonhos e vivências. 

Somos seres pensantes e responsáveis por nossas decisões. Na luta não podemos ter partidos ou rótulos, temos que ousadamente assumir a nossa HUMANIDADE, respeitando a diversidade de raça, cor, sexo, religião ou nacionalidade.
Messias Pinheiro